Personagem de ‘Arquivo X’ aproximou mulheres e ciência, diz estudo

Mulheres cientistas na ficção ainda são poucas, mas um estudo americano divulgado neste mês mostrou que uma delas, a médica legista do FBI Dana Scully (Gillian Anderson), da série sci-fi de TV “Arquivo X”, tem desempenhado um papel importante na aproximação entre mulheres e as áreas de ciência e tecnologia.

Mais da metade (63%) das mulheres que participaram da pesquisa, e que conheciam a personagem, afirmaram que Scully contribuiu para aumentar sua crença na importância das áreas de ciência, tecnologia, engenharia e matemática (conhecidas em inglês pelo acrônimo Stem).

Além de contribuir para uma visão mais positiva da ciência, Scully pode ter ajudado a levar mais mulheres para carreiras nesse campo, que é geralmente dominado por homens.

Mulheres que assistem, ou já assistiram à série regularmente, são 50% mais inclinadas a trabalhar nas áreas Stem do que aquelas que nunca ou pouco viram o programa de TV, de acordo com o levantamento.

Na história, a agente Scully é uma cientista designada para trabalhar na investigação de relatos de casos paranormais ao lado do pouco cético Fox Mulder. Ela faz seu trabalho guiada pela lógica e plausibilidade das provas que encontra.

A série teve sua estreia em 1993 e ficou no ar até 2002. Em 2016, o programa voltou a passar na TV nos Estados Unidos e chegou, neste ano, com sua 11º temporada ao Brasil.

A capacidade de Scully de atrair mulheres para a ciência é especulada há anos e ficou conhecida no meio como “Efeito Scully”, mas este é o primeiro teste científico da hipótese.

O estudo foi realizado pela 21st Century Fox, canal responsável por “Arquivo X”, pelo Geena Davis Institute on Gender in Media, organização que pesquisa a representação dos gêneros na mídia, e pelo setor de pesquisas da agência de publicidade americana J. Walter Thompson (J. Walter Thompson Intelligence). Mais de 2 mil mulheres participaram do estudo.

Nos Estados Unidos, as mulheres são metade da força de trabalho com ensino superior, mas apenas 24% delas trabalham em áreas Stem, de acordo com dados do departamento americano de comércio, economia e administração de estatísticas.

O cenário no Brasil é um pouco diferente. Um relatório publicado no ano passado pela Elsevier, maior editora científica do mundo, indicou que metade dos artigos científicos produzidos no país são escritos por mulheres.

A distribuição das mulheres dentro das áreas da ciência, porém, ainda é desigual. De acordo com dados da Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo), de 2017, a participação feminina nos projetos submetidos à instituição chegava a 56% no campo da saúde, mas caía para 24% nas ciências exatas e da terra.

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