Terremotos, vulcões e mutantes são temas de ficção científica premiada

Não há viagens espaciais nesta ficção científica. Quem ler “A Quinta Estação” (Morro Branco), da americana N. K. Jemisin, vai encontrar um mundo chamado Quietude com sérios problemas geológicos e pessoas com a capacidade de sentir, controlar e provocar tremores de terra.

“Na natureza, no mundo real, muitos animais têm essa sensibilidade [capacidade de antever terremotos]. Então eu apenas dei aos humanos uma versão avançada dessa habilidade”, diz a autora.

A trama principal é a jornada de uma mãe orogene (nome recebido pelos mutantes com as habilidades geológicas) em busca da filha raptada pelo próprio pai — tudo sobre um solo extremamente instável.

Para criar esse universo, Jemisin, que tem formação em psicologia, precisou aprender sobre geofísica contando com a ajuda de especialistas no tema. O processo de pesquisa teve até uma viagem para o Havaí, onde a escritora visitou quatro vulcões.

“Uma coisa é pesquisar por meio de livros, mas eu precisava conhecer o cheiro dos vulcões e a sensação de ter solo e cinzas vulcânicas sob meus dedos”, conta Jemisin.

“A Quinta Estação” já está sendo adaptado para a TV pelo canal TNT. A escritora não participa da produção, mas diz já ter se reunido com Leigh Dana Jackson, escritor da adaptação que também teve participação em roteiros de séries como “Helix”  “Sleepy Hollow”, para explicar mais detalhes do universo do livro.

O livro foi lançado no Brasil em novembro de 2017, mas fora do país já está fazendo sucesso há algum tempo: primeiro da série “Terra Partida”, a obra recebeu o prêmio Hugo de melhor romance de 2016. No ano seguinte, o segundo volume da série (“The Obelisk Gate”, ainda inédito em português) recebeu o mesmo prêmio.

Jemisin também foi a primeira mulher negra a receber a honraria, que é concedida todos os anos desde 1953.

A editora Morro Branco já adquiriu os direitos do segundo livro da série e deve lançar ainda neste ano por aqui.

RACISMO

Críticas ao racismo e à segregação social também existem na obra. Jemisin descreve as condições de estrito controle sob as quais vivem os orogenes, regras geradas por humanos sem poderes geológicos que se sentem ameaçados por eles.

Na narrativa, os personagens centrais têm a pele escura, enquanto pessoas de pele clara são geralmente vistas com algum desprezo pela sociedade de Quietude. Para a escritora, ainda existe um desequilíbrio de representatividade na literatura de ficção que precisa ser superado.

“Muitas sociedades, como Estados unidos e Brasil, têm grandes populações de pessoas negras. Não faz sentido a maior parte de nossa ficção fingir que essas pessoas não existem ou não possuem histórias dignas de serem contadas”, afirma.

 

A QUINTA ESTAÇÃO

AUTORA: N. K. Jemisin

EDITORA: Morro Branco

QUANTO: R$ 49,80 (2017, 560 págs.)

 

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