Empresa europeia cria traje inteligente igual ao usado no filme ‘Jogador Nº 1’

Em “Jogador N° 1”, filme de Steven Spielberg que está em cartaz no país, o jogo de realidade virtual Oasis é a principal fonte de recursos econômicos. O mundo real, deteriorado e caótico, perde espaço para as aventuras que se desdobram na plataforma.

Parte do sucesso desse mundo digital vem das ferramentas disponíveis em um futuro imaginado, principalmente os óculos para imersão nessa outra realidade e o traje tátil (ou traje háptico), que reproduz no corpo as sensações produzidas dentro do jogo.

A Teslasuit, empresa baseada em Londres e Minsk (Belarus), desenvolve um traje semelhante ao apresentado na obra. A roupa é capaz de reproduzir toques, impacto, mudanças de temperatura, chuva e vento, segundo a companhia.

A transferência de sensações do virtual para o real se dá, de acordo com a empresa, por impulsos elétricos controlados por um pequeno computador instalado no traje — na prática, a roupa dá pequenos choques em quem a veste.

A Teslasuit diz que a aplicaçao deve ir além do uso em jogos de realidade virtual. À revista britânica New Scientist, Dimitri Mikhalchuk, vice-presidente da empresa, afirmou que o traje poderia ser usado para estimular os músculos de astronautas durante viagens espaciais, já que a falta de gravidade no espaço dificulta a prática exercícios físicos.

O aproveitamento do traje na reabilitaçao física de pacientes em hospitais e no treinamento de atletas também está no radar da companhia.

Os ‘wearables’, como são conhecidas as tecnologias vestíveis, já estão por aí há algum tempo. Relógios inteligentes são, talvez, a forma mais acessível que conhecemos — apesar de ainda serem bem caros (o da Apple, por exemplo, custa a partir de R$ 1.999).

O filme de Spielberg, baseado no romance homônimo de Ernest Cline (editora LeYa), não é pioneiro ao usar essa tecnologia na narrativa.

Quem já leu histórias de Philip K. Dick ou assistiu aos filmes da série “De volta para o Futuro” sabe que os vestíveis habitam a ficção científica há algum tempo.

Um dos maiores problemas dessa tecnologia que permanece ainda não explorado na ficção é a produção massiva de dados.

Se podem tornar nossa vida mais prática, arriscamos, por outro lado, cair em uma utopia na qual as informações geradas por um traje colado ao corpo serviriam para exercer poder e controle por parte de empresas ou governo.

Se temos uma pequena noção do poder que os dados fornecidos por um telefone no bolso podem dar às empresas, imagine o que os vestíveis não poderiam produzir.

Esse cenário deve levar tempo para se materializar. Embora o desenvolvimento do Teslasuit já esteja avançado — o protótipo já é apresentado e testado em eventos de tecnologia nos EUA e Reino Unido –, a chegada às lojas deve demorar alguns anos.

O preço exato e a data de lançamento do produto ainda não foram divulgados pela empresa, mas, na mesma entrevista para a New Scientist, Mikhalchuk disse que o preço esperado deve estar um pouco abaixo dos US$ 1.000 (R$ 3.366).

 

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