Após investir toneladas de dinheiro em pesquisa, o governo americano chega a um novo método para inserir os enclausurados na sociedade novamente. A técnica consiste em transferir a consciência dessas pessoas para um robô, totalmente controlado pelo enfermo em seu leito.

Segundo Scalzi, a ideia esteve em sua cabeça por um tempo até ser transformada no livro, publicado no Brasil neste ano pela editora Aleph. “Nesse caso específico, imaginei como seria se tivéssemos uma doença capaz de mudar o mundo, mas sem destruir a população”, afirma.

O autor conta que mergulhou fundo em pesquisas para entender como doenças são transmitidas e como elas afetam nosso corpo e a sociedade para montar a narrativa. Esse conhecimento é encontrado logo no prólogo, onde o escritor estrutura o universo que o leitor encontra nas páginas seguintes.

O mundo retratado na obra, fixado em um futuro próximo, tem de se esforçar para acomodar essas pessoas. Os “hadens” pilotando androides, chamados de C3 (uma referência ao C3PO de “Star Wars”), se tornam uma elite, com corpos de metal resistente e acesso à internet embutido no cérebro.

Para Scalzi, o que é contado no livro já existe de diversas maneiras. A integração homem-máquina, diz ele, não é o futuro da humanidade, mas seu presente.

“Nós já usamos as máquinas para melhorar nossas habilidades, mas não pensamos dessa maneira. Não vemos nossos carros como uma extensão de nosso corpo, por exemplo. Mas o carro mudou a forma como os humanos trabalham, viajam e vivem suas vidas. Nós já somos modificados pelas máquinas, então ter um futuro desses [como no livro] não seria nenhum exagero”, diz.

Os Hadens inegavelmente têm vantagens sobre os demais. Isso inverte a posição dos doentes e faz surgir todo tipo de intolerância e preconceito contra os motorizados.

Esses elementos no livro são intencionais, segundo o escritor. Para ele, todas as formas de preconceito e ódio que já existem hoje e são direcionados a determinados grupos de pessoas ainda estarão por aí em futuro próximo e, inevitavelmente, vão atingir a essa nova classe de humanos, que usa corpos metálicos para andar por aí.

“Ainda não sabemos se o mundo que eu escrevi vai existir daqui a 30 ou 40 anos. Espero ainda estar aqui para ver”, diz Scalzi.

Apesar disso, o personagem principal, o haden Chris Shane, se torna um agente do FBI e vai trabalhar em uma divisão que lida apenas com assuntos relacionados aos seus iguais.

É nessa atmosfera de romance policial que a história se desenvolve. Em alguns momentos, temos a sensação de que o contexto geral é mais interessante do que os crimes que Shane deve resolver, mas o desfecho mostra enfim que as partes estavam de fato conectadas ao todo.

Vale lembrar que mudanças no corpo humano é um tema recorrente para Scalzi. Em um de seus maiores sucessos, “Guerra do Velho” (editora Aleph; 368 págs.; R$ 44,90), as pessoas ganham a oportunidade de se alistar em um exército interplanetário ao completar 75 anos de idade. A partir do alistamento, os novos soldados ganham um novo corpo, sintético e completamente melhorado para enfrentar uma guerra estelar.

ENCARCERADOS (LOCK IN)

AUTOR John Scalzi

TRADUTOR Petê Rissati

EDITORA Aleph

QUANTO R$ 49,90

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O personagem foi interpretado por Harrison Ford nos filmes mais antigos da série, mas agora sua versão mais jovem será personificada pelo ator americano Alden Ehrenreich (Ave, César!).

O elenco conta ainda com Emilia Clarke (a khaleesi Daenerys Targaryen  de “Game of Thrones”) e Paul Bettany, que deu vida a um Charles Darwin tocante no filme “Criação” (2010).

Na onda do dia 4 de maio, celebrado mundialmente como o Dia de Star Wars pelos fãs, o Sci-Fi preparou uma lista com livros para ajudar a passar o tempo com menos ansiedade e mais guerras espaciais até a estreia do novo filme.

Veja abaixo a seleção com algumas das melhores histórias com naves, lasers e espécies exóticas.

Guerra do Velho (John Scalzi)

John Scalzi é o novo queridinho da ficção científica. A série Guerra do Velho (editora Aleph), que chegou ao país em 2016, fala de um futuro onde a juventude pode ser recuperada –mas somente pela guerra.

Ao completar 75 anos de idade, os terráqueos têm a opção de se alistarem em um exército espacial para defender a humanidade. Os novos (velhos) soldados ganham corpos turbinados e saem por aí enfrentando batalhas épicas. O segundo livro da saga, “As Brigadas Fantasma”, também já foi publicado em português.

AUTOR John Scalzi

TRADUTOR Petê Rissati

EDITORA Aleph

QUANTO R$ 39,90 (368 págs.)

Space Opera (Catherynne M. Valente)

A batalha em “Space Opera” (ópera espacial) é no gogó. Depois de uma grande guerra interestelar ter quase devastado as formas de vida inteligentes do universo, uma nova tradição nasce. De tempos em tempos, as diversas espécies espalhadas pelas galáxias se encontram para um concurso de talentos –um Eurovision intergalático.

O livro, ainda inédito em português, conta a história do primeiro ano em que a Terra participa da competição, representada pela banda Absolute Zeroes (zeros absolutos).

Space opera também é como são conhecidas obras de ficção científicas de aventuras espaciais.

AUTOR Catherynne M. Valente

EDITORA Saga Press

QUANTO R$ 70,51, na Amazon (304 págs.); R$ 17,39 (ebook)

Tropas Estelares (Robert Heinlein)

Grande inspiração de “Guerra do Velho”, “Tropas Estelares” é um dos maiores precursores das space operas. O livro acompanha o jovem Juan Rico ao ingressar no exército e participar de batalhas espaciais. A história também virou um filme nas mãos do diretor Paul Verhoeven em 1997.

AUTOR Robert Heinlein

TRADUTOR Carlos Angelo

EDITORA Aleph

QUANTO R$ 42,90

Justiça Ancilar (Ann Leckie)

A história tem uma narradora incomum: a inteligência artificial de uma nave espacial chamada Breq. A trama se passa em um futuro distante, quando as distinções entre os sexos não existem mais –outro ponto original na narrativa de Ann Leckie.

A trama, escrita em uma série de três livros, já rendeu para a autora os mais importantes prêmios de literatura sci-fi, como o Hugo, Nebula e o Arthur C. Clarcke Award. O livro foi lançado neste mês pela editora Aleph.

AUTORA Ann Leckie

EDITORA Aleph

QUANTO R$ 49,90 (384 págs.)

Astronauta – Assimetria (Danilo Beyruth)

Terceiro volume dos quadrinhos baseados no personagem clássico de Maurício de Sousa, Assimetria acompanha o retorno do Astronauta ao espaço. Em uma viagem feita para fugir de sua realidade, o personagem acaba em uma linha temporal paralela e precisa salvar uma outra versão de si mesmo.

AUTOR Danilo Beyruth

EDITORA Panini

QUANTO R$ 36,90 (100 págs.)

A Armadilha do Paraíso (A. C. Crispin)

Lançado no Brasil em 2016, o livro conta a história da infância e da juventude de Han Solo, período parecido com o coberto pelo filme que estreia neste mês. “A Armadilha do Paraíso” é o primeiro volume de uma trilogia que acompanha as aventuras de Solo.

AUTOR A. C. Crispin

TRADUTOR Edmo Suassuna

EDITORA Aleph

QUANTO R$ 39,90 (460 págs.)

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Neste ano, a categoria de melhor romance foi dominada por séries literárias. Dos seis livros indicados, três fazem parte de séries. Essa é a principal categoria, capaz de impulsionar obras e tornar os autores conhecidos em outros países.

Nomes novos foram raros nesta edição. Quatro escritores finalistas deste ano já ganharam pelo menos uma vez o prêmio. Entre eles está N. K. Jemisin, autora de “A Quinta Estação” (editora Morro Branco), da saga “Terra Partida”.

Ela venceu as duas últimas edições da premiação e é uma das favoritas para 2018. Desta vez, ela concorre com o último volume da série, “The Stone Sky” (inédito em português).

Nenhum dos romances finalistas foi publicado no Brasil ainda, mas alguns deles têm chance de chegar ao país até 2019. As obras podem ser encontradas na língua original em livrarias brasileiras.

O prêmio será entregue no dia 19 de agosto, durante a 76º Convenção Mundial de Ficção Científica (World Science Fiction Convention), em San José, Califórnia (EUA).

Conheça abaixo um pouco mais dos livros indicados.

The Collapsing Empire (O Império em Colapso), de John Scalzi

Este é o primeiro volume da série “Interdependency”, de John Scalzi, autor de “Guerra do Velho” e “Encarcerados” (Aleph). Na história, a humanidade descobriu uma nova forma para viajar longas distâncias pelo universo, o que possibilitou a colonização de outros planetas.

Um defeito no mecanismo que torna possível as viagens espaciais pode encerrar um período glorioso da humanidade e isolar as comunidades espalhadas pelo cosmos.

Scalzi é um dos principais autores do gênero na atualidade e já recebeu o prêmio Hugo em 2013 pelo romance “Redshirts”, ainda não publicado no Brasil.

The Stone Sky (O Céu de Pedra), de N.K. Jemisin

Terceiro e último volume da série “Terra Partida”, que segue a história de uma orogene, mutante com poderes de controlar vulcões e terremotos, na busca por sua filha.

Jemisin foi a vencedora do prêmio de melhor romance em 2016 e 2017 com os livros anteriores da série, “A Quinta Estação” (editora Morro Branco) e “The Obelisk Gate” (O Portão do Obelisco), que deve ser lançado ainda em 2018 no Brasil pela mesma editora.

Já “The Stone Sky” deve ser publicado no país em 2019, segundo a Morro Branco.

A série será adaptada para televisão pelo canal TNT. A data de lançamento ainda não foi divulgada.

New York 2140 (Nova York, 2140), de Kim Stanley Robinson

No futuro, as mudanças climáticas deixaram Nova York praticamente submersa pelo aumento do nível dos oceanos. As ruas se tornaram canais e os prédios viraram ilhas. É neste cenário que se desenvolve uma das aventuras de maior sucesso de 2018.

Para ler a obra em português, porém, o leitor vai ter de esperar. Robinson nunca foi publicado no Brasil.

Provenance (Procedência), de Ann Leckie

Política e conflitos interestelares são os motes desse romance ainda não publicado em português. Ann Leckie, porém, é veterana na ficção científica.

Em 2014, ela venceu o Hugo com “Ancillary Justice” (Justiça Ancilar), primeiro volume de uma série de sucesso nos EUA. A editora Aleph vai lançar o livro no Brasil na segunda quinzena de abril.

Neste romance de guerra espacial, um general morto há tempos retorna à vida ao tomar o corpo de um jovem militar com a ajuda de tecnologias exóticas. O livro é o segundo volume da série “Machineries of Empire” (Maquinário do Império), inédita no Brasil.

Six Wakes (Seis Inícios), de Mur Lafferty

A tripulação de uma nave espacial distante da Terra está sendo assassinada. A cada morte, um novo clone da vítima acorda para substituí-la. Cabe ao grupo de clones desvendar esse mistério antes que novas mortes prejudiquem a missão da equipe.

Esta é a primeira vez que a escritora americana é indicada ao Hugo de melhor romance.

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