Agora, as histórias originais que inspiraram os dez episódios de “Electric Dreams” chegam ao Brasil na edição “Sonhos Elétricos” (editora Aleph).

Além dos contos, o livro também traz textos com a visão dos roteiristas responsáveis pelas adaptações.

Um deles é Jack Thorne, o britânico responsável pelo texto da peça “Harry Potter e a Criança Amaldiçoada”, que roteirizou o conto “O Passageiro Habitual” (“The Commuter”) para a série.

Na história original, um passageiro aparece em uma estação de trem insistindo por um bilhete para uma cidade que não existe –pelo menos no universo que conhecemos. Intrigado, o bilheteiro resolve investigar o caso e acaba descobrindo uma realidade paralela.

Na série, a trama sofreu poucas modificações: ganhou um ar contemporâneo e um desenvolvimento maior de personagens como o filho do bilheteiro, um garoto inexpressivo no conto que se tornou um adolescente instável emocionalmente na série.

“Como alguém que já leu muita ficção científica, acredito que exista uma diferença entre escritores que têm ideias e escritores que constroem mundos. PKD constrói universos”, diz Thorne em sua introdução ao conto no livro.

Mas “O Passageiro Habitual” é um dos raros trechos da coletânea que não falam sobre tecnologia e futuro. Os temas são revirados por PKD em outras sete breves distopias presentes na obra.

A narrativa “Foster, Você Já Morreu”, que virou o episódio “Safe and Sound” na série, tem esse jeitão distópico. O episódio conservou poucos elementos do texto, como a sociedade futurista cercada pelo medo de invasores invisíveis –talvez inventados. Os personagens e os cenários, entretanto, ficaram irreconhecíveis no programa.

Essas releituras da obra de PKD aparecem, em menor ou maior grau, em todos os episódios. As mudanças não chegam a descaracterizar o trabalho do escritor. Elas evidenciam o que o leitor de “Sonhos Elétricos” poderá notar desde as primeiras páginas:  a atualidade das histórias.

Ao especular sobre o futuro e as implicações da tecnologia, os textos de PKD ainda são capazes de fazer refletir sobre o que está por vir.

O mundo abarrotado de propagandas do conto “Argumento de Venda” (aliás, outro conto que ficou desfigurado na série), no qual robôs são programados para fazerem propaganda de si mesmos e se venderem, expõem a preocupação que o autor nutria em relação ao consumismo crescente nos Estados Unidos da década de 1950.

O ritmo de consumo atual –e a quantidade de lixo que ele gera, prejudicando o ambiente– provavelmente deixariam PKD de cabelo em pé.

Depois de passar por essas dez histórias, o que mais se destaca é a capacidade que o autor tinha de expor e questionar o que é ser humano.

PKD coloca os personagens em mundos muito diferentes e, algumas vezes, até absurdos. Ao mesmo tempo, pessoas continuam sendo pessoas, enfrentando os mesmo dramas, seja na Terra ou em outro planeta, hoje ou daqui a milhares de anos.

“SONHOS ELÉTRICOS” (“ELECTRIC DREAMS”)

AUTOR Philip K. Dick

TRADUTOR Daniel Lühmann

EDITORA Aleph

QUANTO R$ 49,90 (274 págs.); R$ 29,90 (e-book)

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Em “O Tempo Desconjuntado”, livro inédito no país que a Suma de Letras vai lançar no início de junho, o enredo faz questionar o que é real e o que é imaginário.

O livro conta a história de Ragle Gumm, um homem que leva uma vida comum até que pequenas mudanças em seu cotidiano começam a indicar que tudo ao seu redor pode ser mera ilusão.

Publicado pela primeira vez em 1959, o livro chega agora em português com tradução de Bráulio Tavares.

O enredo é, em partes, semelhante ao do conto “O Enforcado Desconhecido”, com um personagem que tenta encontrar sentido em acontecimentos absurdos enquanto todos os demais parecem não se incomodar. O conto faz parte da coletânea “Sonhos Elétricos” (editora Aleph), que reúne as dez histórias de Dick adaptadas para a série de TV “Philip K. Dick’s Electric Dreams” (Amazon Prime Video).

Quem já assistiu ao filme “O Show de Truman” (1998) também deve encontrar paralelos com o livro.

O escritor é um dos mais adaptados para cinema e TV. São dele histórias que deram origem aos filmes “Blade Runner” e “Minority Report” e à série de TV “The Man in the High Castle” (Amazon Prime).

PKD, como é conhecido entre os fãs, escreveu 36 romances e mais de cem contos durante sua vida. Hoje, ele é considerado um dos autores mais importantes do gênero de ficção científica.

O TEMPO DESCONJUNTADO (TIME OUT OF JOINT)

AUTOR Philip K. Dick

TRADUTOR Bráulio Tavares

EDITORA Suma de Letras

QUANTO R$ 49,90 (230 págs); R$ 34,90 (e-book)

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Os longas-metragens “Jogador Nº 1”, de Steven Spielberg, e “Uma Dobra no Tempo”, de Ava DuVernay, ambos baseados em obras que já fizeram sucesso entre nerds do mundo todo, terão suas primeiras exibições na próxima quinta-feira (29).

Livros do gênero, porém, são difíceis de serem adaptados para cinema e televisão. Muitos deles falam de coisas que ainda não existem — e grande parte delas nunca serão reais.

Para completar a dificuldade, os fãs geralmente demandam um nível de exatidão e coerência científica que os estúdios não podem oferecer ou que simplesmente não funcionam na tela.

Em 2016, o autor do conto que inspirou “A Chegada”, indicado a oito Oscars, chegou a dizer à Folha que o filme era um “milagre” quando comparado a adaptações de outros textos do gênero.

Os lançamentos deste ano vão nos dar mais material para comparação. Veja abaixo os livros que já foram ou serão adaptados para cinema e TV em 2018 e aproveite para atualizar a lista de leituras.

***

Sonhos Elétricos

Philip K. Dick é um dos escritores mais adaptados para o cinema. São dele histórias como “Blade Runner” e “Minority Report”. A coletânea recém-lançada pela editora Aleph traz os dez contos que inspiraram os episódios da série antológica “Philip K. Dick’s Electric Dreams”, disponíveis na plataforma Prime Video, da Amazon, desde janeiro deste ano.

No livro, cada conto é precedido por uma introdução escrita pelo roteirista responsável pela adaptação para a série, tornando a experiência da leitura ainda mais rica.

SONHOS ELÉTRICOS
AUTOR Philip K. Dick
TRADUÇÃO Daniel Lühmann
EDITORA Aleph
QUANTO R$ 44,90 (livro) 29,90 (livro digital); 274 págs

Carbono Alterado

No século 25, a humanidade descobriu uma maneira de arquivar e transferir consciências para novos corpos, prolongando indefinidamente a vida humana. Esse é o universo de “Carbono Alterado”, livro do autor britânico Richard Morgan, publicado originalmente em 2002.

A história foi transformada em série pela Netflix e está disponível na plataforma desde fevereiro deste ano. A adaptação segue o ritmo do livro, repleto de cenas de ação.

CARBONO ALTERADO (ALTERED CARBON)
AUTOR Richard Morgan
TRADUÇÃO Edmo Suassuna
EDITORA Bertrand Brasil
QUANTO R$ 49,90 (livro) R$ 34,90 (livro digital); 490 págs

Aniquilação

Um grupo de cientistas embarca em uma expedição para uma área isolada do restante do planeta após um desastre ambiental. Mas esta é a décima segunda expedição após uma série de empreitadas com resultados muito assustadores.

O livro, escrito pelo americano Jeff VanderMeer, é o primeiro da série Comando Sul. O filme, com Natalie Portman no papel principal, tem estreia marcada para fevereiro de 2018.

ANIQUILAÇÃO (ANNIHILATION)
AUTOR Jeff VanderMeer
TRADUÇÃO Bráulio Tavares
EDITORA Intrínseca
QUANTO R$ 39,90 (livro) R$ 24,90 (livro digital) ;200 págs

Jogador Nº 1

O jogo de vídeo-game Oasis é a entidade onipresente nessa história cheia de referências à cultura pop dos anos 1980. A plataforma aos poucos substituiu as interações entre as pessoas no mundo real contando com tecnologias de realidade virtual. Quando o criador do jogo morre, deixa programada uma competição que premiará o vencedor com o controle sobre o Oasis — além de muito dinheiro.

A disputa esquenta quando empresas colocam verdadeiros exércitos de jogadores profissionais na corrida. O filme, com direção de Steven Spielberg, estreia nos cinemas brasileiros na próxima quinta-feira (29). O autor do livro, Ernest Cline, anunciou recentemente que trabalha em uma continuação da história.

JOGADOR Nº 1 (READY PLAYER ONE)
TRADUÇÃO Carolina Caires Coelho
AUTOR Ernest Cline
EDITORA LeYa
QUANTO R$ 44,90 (livro) R$ 31,99 (livro digital); 464 págs

Uma Dobra no Tempo

O livro de Madeleine L’Engle, publicado em 1962, conta a história da jovem Meg Murry, que viaja pelo tempo e espaço para resgatar seu pai, um astrofísico que está preso em um planeta maléfico.

A cineasta Ava DuVernay dirige o filme, uma produção da Disney com Oprah Winfrey, Reese Witherspoon e Chris Pine no elenco. A estreia nos cinemas está marcada para a próxima quinta-feira (29).

UMA DOBRA NO TEMPO (A WRINKLE IN TIME)
AUTORA Madeleine L’Engle
TRADUÇÃO Érico Assis
EDITORA HarperCollins
QUANTO R$ 29,90 (livro); 240 págs

Fahrenheit 451

A distopia clássica de Ray Bradbury, que mostra um mundo no qual os livros são proibidos e destruídos pelo fogo, ganhará uma nova versão cinematográfica. O canal HBO estreia no dia 19 de maio a produção que conta com os atores Michael B. Jordan (“Pantera Negra”) e Michael Shannon (“A Forma da Água”) no elenco.

Em 1966, uma primeira adaptação do livro para o cinema foi filmada pelo diretor francês François Truffaut.

FAHRENHEIT 451
AUTOR Ray Bradbury
TRADUÇÃO Cid Knipel
EDITORA Biblioteca Azul
QUANTO R$ 34,90 (livro); 215 págs

Como Falar com Garotas em Festas

O conto do britânico Neil Gaiman, que virou história em quadrinhos nas mãos dos brasileiros Gabriel Bá e Fábio Moon, chegou ao cinema com atuações de Nicole Kidman e Elle Fanning.

O filme, cheio das esquisitices típicas de Gaiman, já rodou o mundo em festivais de cinema, mas a estreia no Reino Unido está marcada para maio de 2018.

COMO FALAR COM GAROTAS EM FESTAS
AUTORES Neil Gaiman, Fábio Moon e Gabriel Bá
ILUSTRADORES Fábio Moon e Gabriel Bá
EDITORA Companhia das Letras
QUANTO R$ 44,90 (livro); 80 págs

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